terça-feira, 22 de setembro de 2015

PROPOSTA 06 - 3º BIMESTRE 2015

Após a leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo da sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema Gerenciamento de recursos hídricos no Brasil: como aprender com a atual crise, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
Há cerca de duas décadas, os ambientalistas têm alertado para o fato de a água doce ser um recurso escasso em nosso planeta. Neste começo de 2015, o Sudeste do Brasil tem uma clara percepção dessa realidade, em função da seca que o assola. Outras regiões ou Estados do Brasil, como o Nordeste, já vivenciam o problema há muito tempo, e até o Amazonas e o Pantanal têm sofrido, esporadicamente, com a estiagem. Além da questão climática, os especialistas apontam outros culpados para o problema da falta de água: os governos e os cidadãos de um modo geral. Por isso, muita gente tem dito que um dos pontos positivos da seca atual é aprendermos com ela e começarmos a tratar com mais cuidado a água de que dispomos e nossos recursos hídricos.


IMAGEM: O Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo, foi duramente afetado pela seca e chegou a ficar com cerca de 5% de sua capacidade.

TEXTO II

Problemas de gestão

Para entender como alcançamos esse grau de fragilidade hídrica, não basta olhar para a seca. Como sempre, há um conjunto de medidas que se somaram para construir o cenário: a gestão da água feita como se os recursos fossem inesgotáveis, ou seja, como se sempre fosse possível expandir a captação, a perigosa aproximação entre oferta e demanda e uma gestão de crise que revelou fragilidades quando a escassez ficou mais acentuada.
Pesaram, também, o pouco espaço de participação da sociedade, a fragilidade dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos, além da não adoção pelo governo estadual de medidas mais severas de redução de consumo ou uso abusivo de água. É importante lembrar, ainda, a degradação ambiental das áreas de mananciais, resultado da poluição das fontes de água e desmatamento no entorno das represas.
A crise atual exige união e compartilhamento de responsabilidades com respostas sistêmicas com metas e ações de curto, médio e longo prazos. Assim, é correto que o governo exerça papel protagonista para fomentar e implementar soluções múltiplas com escala e impacto que atinjam diversos setores de uma só vez. Mas também cabe aos consumidores de água, empresas e organizações da sociedade civil desempenhar seu papel de corresponsabilidade.

TEXTO III

Esvaziamento dos reservatórios

Tanto no caso da água como da eletricidade, dispomos de "cadernetas de poupança" hídrica, que são imensos reservatórios. Isto significa que a verdadeira causa da crise atual não é o fato de janeiro e fevereiro de 2015 terem sido os meses mais secos da história, e sim o fato dos reservatórios terem esvaziado progressivamente desde janeiro de 2012 até dezembro de 2014, quando chegaram ao pior nível da história
Portanto, a verdadeira questão é: por que os reservatórios esvaziaram tanto nos últimos três anos?
À primeira vista, a resposta é óbvia: porque o volume de água que chegou aos mesmos neste triênio foi o pior, ou um dos piores, da história. No entanto, esta resposta não é verdadeira no caso do setor elétrico. Se compararmos as vazões que chegaram às hidrelétricas no triênio 2012-2014 com as dos 81 triênios do passado (1931-1933; 1932-1934; e assim por diante, até os tempos atuais) verificaremos que em 15 destes triênios ocorreram secas piores do que a atual. (...)
Dado que a hidrologia não foi malvada e a demanda foi medíocre, a única explicação que sobra - a verdadeira - é que a capacidade de geração real é menor do que se pensava, devido a falhas no planejamento de construção das usinas e das linhas de transmissão.
Todos nós cidadãos sabemos que às vezes as coisas saem muito errado por causas externas – como nas crises cambiais, por razões institucionais e políticas, como na hiperinflação, ou por falhas de planejamento, como no racionamento de 2001.
A reação magnífica da população em todas estas crises torna imperdoável que não se aprenda com os erros cometidos. Na situação atual, mesmo que as crises de água e energia sejam aliviadas "aos 48 minutos do segundo tempo" pela combinação de medidas heroicas e de boas chuvas, é fundamental que a má experiência contribua para o fortalecimento da cidadania.

TEXTO IV

A seca retratada na Literatura

“Foram descansar sob os garranchos de uma quixabeira, mastigaram punhados de farinha e pedaços de carne, beberam na cuia uns goles de água. Na testa de Fabiano o suor secava, misturando-se à poeira que enchia as rugas fundas, embebendo-se na correia do chapéu. A tontura desaparecera, o estômago sossegara. Quando partissem, a cabaça não envergaria o espinhaço de Sinhá Vitória. Instintivamente procurou no descampado indício de fonte. Um friozinho agudo arrepiou-o. Mostrou os dentes sujos num riso infantil. Como podia ter frio com semelhante calor? Ficou um instante assim besta, olhando os filhos, olhando os filhos, a mulher e a bagagem pesada. O menino mais velho esbrugava um osso com apetite. Fabiano lembrou-se da cachorra Baleia, outro arrepio correu-lhe a espinha, o riso besta esmoreceu.
Se achassem água ali por perto, beberiam muito, sairiam cheios, arrastando os pés. Fabiano comunicou isto a Sinhá Vitória e indicou uma depressão do terreno. Era um bebedouro, não era? Sinhá Vitória estirou o beiço, indecisa, e Fabiano afirmou o que havia perguntado. Então ele não conhecia aquelas paragens? Estava a falar variedades? Se a mulher tivesse concordado, Fabiano arrefeceria, pois lhe faltava convicção; como Sinhá Vitória tinha dúvidas, Fabiano exaltava-se, procurava incutir-lhe coragem. Inventava o bebedouro, descrevia-o, mentia sem saber que estava mentindo. E Sinhá Vitória excitava-se, transmitia-lhe esperanças. Andavam por lugares conhecidos. Qual era o emprego de Fabiano? Tratar de bichos, explorar os arredores, no lombo de um cavalo. E ele explorava tudo. Para lá dos montes afastados havia outro mundo, um mundo temeroso; mas para cá, na planície, tinha de cor plantas e animais, buracos e pedras.” (Vidas Secas, Graciliano Ramos)

INSTRUÇÕES:
• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
• O texto definitivo deve ser escrito com caneta de tinta PRETA, na folha própria, em até 30 linhas.
• A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
• A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
• A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.

• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

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