Após a leitura dos textos motivadores
seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo da sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema Gerenciamento de recursos hídricos no Brasil: como aprender
com a atual crise, apresentando proposta
de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.
TEXTO I
Há cerca de duas décadas, os ambientalistas têm alertado para o fato de
a água doce ser um recurso escasso em nosso planeta. Neste começo de 2015, o
Sudeste do Brasil tem uma clara percepção dessa realidade, em função da seca
que o assola. Outras regiões ou Estados do Brasil, como o Nordeste, já
vivenciam o problema há muito tempo, e até o Amazonas e o Pantanal têm sofrido,
esporadicamente, com a estiagem. Além da questão climática, os especialistas
apontam outros culpados para o problema da falta de água: os governos e os
cidadãos de um modo geral. Por isso, muita gente tem dito que um dos pontos
positivos da seca atual é aprendermos com ela e começarmos a tratar com mais
cuidado a água de que dispomos e nossos recursos hídricos.
IMAGEM: O Sistema Cantareira, que abastece a
Grande São Paulo, foi duramente afetado pela seca e chegou a ficar com cerca de
5% de sua capacidade.
TEXTO II
Problemas de gestão
Para
entender como alcançamos esse grau de fragilidade hídrica, não basta olhar para
a seca. Como sempre, há um conjunto de medidas que se somaram para construir o
cenário: a gestão da água feita como se os recursos fossem inesgotáveis, ou
seja, como se sempre fosse possível expandir a captação, a perigosa aproximação
entre oferta e demanda e uma gestão de crise que revelou fragilidades quando a
escassez ficou mais acentuada.
Pesaram,
também, o pouco espaço de participação da sociedade, a fragilidade dos
instrumentos de gestão dos recursos hídricos, além da não adoção pelo governo
estadual de medidas mais severas de redução de consumo ou uso abusivo de água.
É importante lembrar, ainda, a degradação ambiental das áreas de mananciais,
resultado da poluição das fontes de água e desmatamento no entorno das
represas.
A crise
atual exige união e compartilhamento de responsabilidades com respostas
sistêmicas com metas e ações de curto, médio e longo prazos. Assim, é correto
que o governo exerça papel protagonista para fomentar e implementar soluções
múltiplas com escala e impacto que atinjam diversos setores de uma só vez. Mas
também cabe aos consumidores de água, empresas e organizações da sociedade
civil desempenhar seu papel de corresponsabilidade.
TEXTO III
Esvaziamento dos reservatórios
Tanto no
caso da água como da eletricidade, dispomos de "cadernetas de
poupança" hídrica, que são imensos reservatórios. Isto significa que a
verdadeira causa da crise atual não é o fato de janeiro e fevereiro de 2015
terem sido os meses mais secos da história, e sim o fato dos reservatórios
terem esvaziado progressivamente desde janeiro de 2012 até dezembro de 2014,
quando chegaram ao pior nível da história
Portanto,
a verdadeira questão é: por que os reservatórios esvaziaram tanto nos últimos
três anos?
À primeira
vista, a resposta é óbvia: porque o volume de água que chegou aos mesmos neste
triênio foi o pior, ou um dos piores, da história. No entanto, esta resposta
não é verdadeira no caso do setor elétrico. Se compararmos as vazões que
chegaram às hidrelétricas no triênio 2012-2014 com as dos 81 triênios do
passado (1931-1933; 1932-1934; e assim por diante, até os tempos atuais)
verificaremos que em 15 destes triênios ocorreram secas piores do que a atual.
(...)
Dado que a
hidrologia não foi malvada e a demanda foi medíocre, a única explicação que
sobra - a verdadeira - é que a capacidade de geração real é menor do que se
pensava, devido a falhas no planejamento de construção das usinas e das linhas
de transmissão.
Todos nós
cidadãos sabemos que às vezes as coisas saem muito errado por causas externas –
como nas crises cambiais, por razões institucionais e políticas, como na
hiperinflação, ou por falhas de planejamento, como no racionamento de 2001.
A reação
magnífica da população em todas estas crises torna imperdoável que não se
aprenda com os erros cometidos. Na situação atual, mesmo que as crises de água
e energia sejam aliviadas "aos 48 minutos do segundo tempo" pela
combinação de medidas heroicas e de boas chuvas, é fundamental que a má
experiência contribua para o fortalecimento da cidadania.
TEXTO IV
A seca retratada na Literatura
“Foram descansar sob os garranchos de uma quixabeira, mastigaram
punhados de farinha e pedaços de carne, beberam na cuia uns goles de água. Na
testa de Fabiano o suor secava, misturando-se à poeira que enchia as rugas
fundas, embebendo-se na correia do chapéu. A tontura desaparecera, o estômago
sossegara. Quando partissem, a cabaça não envergaria o espinhaço de Sinhá
Vitória. Instintivamente procurou no descampado indício de fonte. Um friozinho
agudo arrepiou-o. Mostrou os dentes sujos num riso infantil. Como podia ter
frio com semelhante calor? Ficou um instante assim besta, olhando os filhos,
olhando os filhos, a mulher e a bagagem pesada. O menino mais velho esbrugava
um osso com apetite. Fabiano lembrou-se da cachorra Baleia, outro arrepio
correu-lhe a espinha, o riso besta esmoreceu.
Se achassem água ali por perto, beberiam muito, sairiam cheios,
arrastando os pés. Fabiano comunicou isto a Sinhá Vitória e indicou uma
depressão do terreno. Era um bebedouro, não era? Sinhá Vitória estirou o beiço,
indecisa, e Fabiano afirmou o que havia perguntado. Então ele não conhecia
aquelas paragens? Estava a falar variedades? Se a mulher tivesse concordado,
Fabiano arrefeceria, pois lhe faltava convicção; como Sinhá Vitória tinha
dúvidas, Fabiano exaltava-se, procurava incutir-lhe coragem. Inventava o
bebedouro, descrevia-o, mentia sem saber que estava mentindo. E Sinhá Vitória
excitava-se, transmitia-lhe esperanças. Andavam por lugares conhecidos. Qual
era o emprego de Fabiano? Tratar de bichos, explorar os arredores, no lombo de
um cavalo. E ele explorava tudo. Para lá dos montes afastados havia outro
mundo, um mundo temeroso; mas para cá, na planície, tinha de cor plantas e
animais, buracos e pedras.” (Vidas Secas,
Graciliano Ramos)
INSTRUÇÕES:
• O rascunho da redação deve ser feito no espaço
apropriado.
• O texto definitivo deve ser escrito com caneta de
tinta PRETA, na folha própria, em até 30 linhas.
• A redação com até 7 (sete) linhas escritas será
considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
• A redação que fugir ao tema ou que não atender ao
tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
• A redação que apresentar proposta de intervenção
que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
• A redação que apresentar cópia dos textos da
Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito
de correção.